Uma situação nada rara: a criança implorando aos pais um bichinho de estimação. E, no topo do ranking de pedidos – isolados na liderança entre os ‘objetos do desejo’ – estão os cães. Isso mesmo: bonecas, brinquedos, carrinhos e até mesmo os cobiçados videogames não substituem a vontade infantil de ter um pet para chamar de seu. As artimanhas para “convencer” os pais são as mais variadas: chantagem emocional, greve de fome, e esperneios, entre outros. E os pais, na sua grande maioria, se rendem.
Mas por que uma criança, mesmo cercada de mimos e com muitas atividades na sua agenda, tem tanta vontade de se relacionar com um animal? A resposta é muito simples: sentimento de solidão, mesmo perto da multidão.
Há cinquenta anos, as grandes cidades – como São Paulo – reuniam casas em bairros tranquilos e sem violência, os vizinhos interagiam sentados nas portas de suas casas para a famosa “prosa”. As portas ficavam abertas e as crianças brincavam livremente nas ruas até o por do sol.
Mas as cidades cresceram, os arranha-céus subiram, a violência aumentou vertiginosamente, as portas das casas se trancaram, as crianças não brincam mais nas calçadas e a sensação de solidão veio “de brinde”. E qual a solução para preencher o vazio urbano? Um animal de estimação ocupa agora o lugar daquele cachorro que ficava no quintal guardando a casa. Ele agora está dentro do imóvel, um amigão para todas as horas.
Depois que as pessoas descobriram que um animal pode trazer companhia e felicidade, crianças de todo o mundo – assim como casais sem filhos e pessoas que moram sozinhas – desejam cada vez mais um animal de estimação. Mesmo os cães liderando a preferência infantil, a lista dos pets mais requisitados inclui também gatos, aves, pequenos roedores e peixes.
Mas e importante que os pais sempre analisem se a criança está realmente preparada para ser responsável por um bichinho. E esta análise parte sempre do ponto que eles – os pais – devem assumir essa responsabilidade junto com seu filho, pois, independente da idade, uma criança não tem condições de cuidar integramente de um animal. Para desenvolver seu senso de responsabilidade e cuidado com o outro – além da doação de carinhos -, ela deve assumir pequenas tarefas, como trocar a água, alimentar e, vez por outra, limpar fezes e urina. Pode também participar, junto com os pais, da educação do animal. Por outro lado, ela não é capaz de identificar doenças e levar o pet periodicamente ao Veterinário, dar banho ou passear com o cão, por exemplo. Ela não pode, em resumo, prover para seu pet coisas que ainda está aprendendo com seus pais dentro do processo educativo.
Assim, quando uma criança pede um pet, são os pais que devem estar disponíveis para participarem ativamente do processo, Para a criança, basta ensinar que o novo companheiro veio para trazer alegria, mas que ele sente frio, fome e medo e, por isso, precisa ser tratado com dedicação, respeito e carinho.