Quem lida com a natureza sabe que os animais têm uma sensibilidade que ultrapassa em muito a do ser humano quando se trata de prever acontecimentos meteorológicos ou climáticos. De geração em geração o homem antigamente ensinava aos seus descendentes tudo que sabia sobre o comportamento dos animais. Todo movimento continha um significado oculto e essa observação era entendida e traduzida em alguma estratégia de sobrevivência.
Assim, as revoadas de pássaros antecediam ventanias ou tempestades, cantos de aves ou mugidos de animais antecediam um tempo de calor ou de frio, a tonalidade e textura das nuvens anunciavam a chuva, animais em posição de dormência anunciavam que estava por vir uma grande seca, e assim por diante.
O homem moderno com suas máquinas, aparelhos e computadores, sistemas matemáticos de previsão do clima e alta tecnologia foi deixando de lado essa experiência empírica de “ver” e “sentir” a natureza e os animais. Hoje apenas faz-se a constatação após os eventos, mas dificilmente acredita nos sinais como forma de prever e prevenir, como acontecia no passado.
Na região de Laquila na Itália é comum um tipo de sapo chamado Bufo-Bufo. Um pouco antes do terremoto que aconteceu na região, em 6 de abril de 2009, os sapos desapareceram. Começaram a desaparecer 5 dias antes do terremoto.
Outro evento interessante aconteceu no sul da Ásia por ocasião do maremoto de 2004. As autoridades que cuidam da fauna no Sri Lanka anunciaram que, apesar da perda de milhares de vidas humanas no maremoto que atingiu o sul da Ásia, não há registro de mortes entre animais. Ondas gigantescas entraram até 3,5 quilômetros terra adentro na maior reserva ecológica da ilha, onde existem milhares de animais. Vários turistas se afogaram na reserva, mas, para surpresa das autoridades, não foi encontrado nenhum animal morto. O fato ressaltaria teorias de que os animais podem ter um “sexto sentido” em relação ao perigo.
Outro fato interessante aconteceu recentemente pouco antes do terremoto no Japão. Foi veiculada uma notícia na imprensa local no dia 4 de março, portanto 7 dias antes da tragédia, dando conta de que um tipo de peixe que vive em zonas abissais tradicionalmente conhecido como “Mensageiro de Deus – Palácio do Mar” estaria sendo pescado nas praias japonesas. Segundo o Jornal Telegraph de Londres, dezenas desses peixes gigantes raros foram pescados nas redes dos pescadores ou aparecerem junto à costa. Na sabedoria popular, o aparecimento desse tipo de peixe antecede um terremoto.
O peixe gigante pode crescer até 5 metros de comprimento e é encontrado normalmente em profundidades de 1.000 metros e, muito raramente, a 200 metros da superfície. Longo e fino com uma barbatana dorsal o comprimento do seu corpo se assemelha a uma serpente. Dias antes do terremoto, 10 espécimes foram encontrados junto à costa ou em redes de pesca ao largo da província de Ishikawa. Outros foram pescados em Kyoto, Shimane e Nagasaki, todos no norte da costa.
Segundo a sabedoria tradicional japonesa, a subida dos peixes para a superfície e praia são para avisar de um terremoto iminente, e há teorias científicas que peixes do fundo do mar podem muito bem ser suscetíveis a movimentos de falhas sísmicas e agir de forma inabitual antes de um terremoto, mas os especialistas japoneses colocaram mais fé em sua alta tecnologia de monitoramento constante das placas tectônicas sob a superfície.
– “Nos tempos antigos, os japoneses acreditavam que peixes alertavam sobre terremotos, principalmente o “Oarfish” (o peixe que se vê na foto), disse Hiroshi Tajihi, vice-diretor do Centro de terremotos Kobe Centre na ocasião ao Daily Telegraph, – “Mas são apenas velhas superstições e não existe nenhuma relação científica entre estes avistamentos e um terremoto”, disse ele.