O país despertou para a urgência de um importante debate a respeito do uso de animais vivos para experimentos com fins científicos, especialmente depois do caso envolvendo o Instituto Royal, de São Roque, onde cães da raça beagle eram usados para pesquisas, e do caso seguinte em que imagens clandestinas de uma cirurgia experimental em porcos que estaria sendo realizada na PUC-Campinas.
Durante muito tempo, a humanidade lançou mão desse recurso para testes de novos materiais, remédios, próteses, produtos etc. Há profissionais renomados que argumentam que a ciência obteve importantes conquistas graças às pesquisas feitas em animais. E há, ainda, vários especialistas que dizem ser impossível não usar animais em pesquisas. E mais: que a ação, desenvolvida por ativistas, contra o Instituto Royal teria afetado estudos sobre o câncer, porque nos cães ali abrigados estavam sendo testados remédios oncológicos.
Vi uma entrevista da professora da USP, Silvana Gorniak, doutora em Farmacologia e Toxicologia, dada à rádio Jovem Pan, ao repórter Marcelo Mattos, em que ela diz que, “hoje não há como desenvolver remédios anti Alzheimer e anticancerígeno sem a utilização de testes em animais, com espécies que nasceram em biotérios para uso científico”.
Respeito essas opiniões. Como leigo, lamento que milhares de animais já tenham passado por inúmeros sofrimentos como cobaias de tais experimentos. E pergunto: haveria outra saída?
Todavia, penso que, dado o avanço da ciência, há de ser feito um esforço para o uso de métodos alternativos em substituição a esses animais. E eles existem graças à nanotecnologia, programas de computador, bancos de células, entre outros tantos. É o que mostra o livro “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação”, do biólogo Sérgio Greif.
A sociedade quer mudanças. Por isso, em vários municípios, os legisladores buscam instituir leis locais visando à proteção dos animais. Como já ocorre em Sorocaba, há mais de um ano, por determinação da Lei 10.060, de autoria da vereadora Neusa Maldonado, que institui a Política Municipal de Meio Ambiente de Sorocaba.
Nessa lei inseriu-se, por iniciativa do então vereador João Donizeti, o artigo 36, que proíbe a utilização de animais vivos, provenientes dos órgãos de controle de zoonoses, canis municipais ou similares públicos e privados, nos procedimentos de experimentação animal.
Essa lei foi um passo importante na luta em defesa do meio ambiente e dos animais, luta que deve ser mantida e aprimorada. Afinal, parafraseando Aurélio Munhoz em artigo publicado na revista Carta Capital de 29 de maio de 2011, a respeito da proibição de vivissecção de animais nas escolas israelenses, eu também digo que incentivar a compaixão pelos animais certamente pode criar maior compaixão pelos seres humanos.