Qual é a opinião dos moradores de São Paulo sobre o tratamento dado aos animais da cidade? Uma nova pesquisa, feita pelo Ibope em parceria com a Rede Nossa São Paulo, ajuda a desvendar tal questão e mostra que os pets passam por dificuldades na capital.
Chamada de Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), a pesquisa aborda diversos temas: o bem-estar, a confiança da população nas instituições, a satisfação com os serviços públicos, a administração municipal e a percepção sobre a segurança na cidade. E em meio a estes temas, toda uma seção da pesquisa trata dos cães e gatos paulistanos.
Segundo a Rede Nossa São Paulo, que conta com a participação da sociedade civil, de ONGs e de movimentos populares, a ideia de incluir os pets na pesquisa veio de ambientalistas ligados à proteção dos animais. As questões foram inicialmente feitas para as crianças e adolescentes que participaram da pesquisa em 2009, e o resultado foi tão interessante que repetiram as perguntas em 2010 também para os adultos.
Na pesquisa recém divulgada, vemos que os moradores da região abrangida pela subprefeitura da Freguesia, Brasilândia e Perus atribuíram a pior nota para o tratamento dado aos animais. A média foi de 4 pontos (em uma escala de 0 a 10), enquanto em locais como Butantã e Lapa e Pinheiros o tratamento dado aos pets recebeu nota 5,6. A média total da cidade foi de 4,8. No que diz respeito à satisfação da população com as políticas e campanhas para evitar o abandono de cães e gatos, a nota média atribuída à cidade foi de 4,9, chegando a 5,7 na zona oeste e 4,6 no centro e na zona sul. (veja mais dados na tabela abaixo)
As diferenças entre as regiões são significativas. Embora a renda não indique que um dono trata bem ou mal o seu pet, áreas periféricas da cidade parecem ter mais problemas com a população de animais domésticos. Segundo Marco Ciampi, ambientalista e presidente da ONG Arca Brasil, em áreas menos verticalizadas existem mais animais que passeiam desacompanhados pela rua, podendo gerar problemas como crias indesejadas. “Deveria haver uma campanha maior para a posse responsável do animal, com ênfase na cultura do registro”, afirma Marco.
Se todos os pets fossem registrados em um sistema único de cadastro, a Prefeitura conseguiria realizar melhores medidas de planejamento, além de responsabilizar os donos pelos seus animais e eventuais perdas ou maus tratos. Segundo Marco, atualmente a Prefeitura não consegue exercer tal planejamento e controle de forma ampla, pois conta com apenas um órgão (o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ), situado na Zona Norte da cidade. “É preciso descentralizar o órgão, e criar unidades em mais regiões”, afirma.