Em muitos filmes os animais roubam a cena, às vezes ganhando até o nome do filme, mas será que os cachorros de Hollywood realmente são atores ou apenas bem treinados?
Lassie, Cheetah e Rin Tin Tin talvez estejam entre as maiores estrelas de seu tempo, mas nenhuma levou a famosa estatueta dos Academy Awards na boca.
O máximo que um “não humano” já chegou da noite do Oscar foi em 1998, quando Bart, o Urso, de 700 quilogramas e estrela de filmes como No Limite e Lendas da Paixão, apresentou o Oscar de Melhor Edição Sonora.
Fãs do Uggie – que já ganhou o cobiçado Palm Dog no festival de cinema de Cannes – lançaram uma campanha no Twitter e Facebook para que a Academia reconheça seu talento. Mas as chances desse De Niro do reino animal pular as barreiras das espécies parecem remotas.
A Academia parece ter um problema com cachorros desde a primeira noite do Oscar, em 1929, quando, de acordo com as lendas, Rin Tin Tin ganhou como melhor ator, apenas para que a estátua fosse misteriosamente entregue a um humano, Emil Jannings.
Alguns pensam que a “nata” de Hollywood não pretende dividir os prêmios e os holofotes com rivais peludos.
“Há uma boa chance de que certo número de pessoas fique muito ofendido em estar no palco junto com, digamos, um golden retriever que fez um filme muito popular”, afirma Susan Orlean, que está fazendo campanha para que Rin Tin Tin ganhe um Oscar póstumo.
Para ela, Rin Tin Tin foi a maior estrela da era silenciosa e pode legitimamente ser considerado um “grande ator”, mesmo com todos os problemas da votação em 1929.
“A performance dele algumas vezes te deixa surpreso. Como você ensina um cachorro a parecer duvidoso e todas aquelas reações emocionais de Rin Tin Tin? Talvez ele tivesse um tipo de inteligência que o permitia compreender as emoções”.
Mas ela argumenta que nem todos os cachorros atores conseguem seguir o caminho de Rin Tin Tin. “Há muitos animais em Hollywood que são apenas bem treinados e estão em papéis que exigem apenas uma série de ações. Eles fazem isso muito bem e é o treinador que merece o crédito, mas eles não estão atuando”.
Mas Orlean, que é autora do livro “Rin Tin Tin: The Life and The Legend” (Rin Tin Tin: A vida e a lenda), diz que existem certos animais especiais com carisma e presença suficientes para serem considerados atores. “Existem animais que atuaram de um modo cativante e isso faz pensar que eles entendem algo além do treinamento específico. Existe uma espécie de magia. O que eles pensam estar fazendo é que eu não sei”.
E ela definitivamente não crê que um focinho e pelos devem ser banidos do reconhecimento do Oscar: “Existem muitos atores humanos que não fazem muito mais do que seguir ordens”.
O treinador de animais e veterano de Hollywood, Shane Ayon, também argumenta que os melhores desempenhos “não humanos” são capazes de trazer algo extra. “Alguns cachorros têm um jeito de andar diferente, fazem algo com a cabeça ou uma expressão estranha. Você precisa estar treinado para enxergar isso, mas acontece sempre”.
E ao contrário dos atores humanos, eles não reclamam ou têm problemas de ego. De fato, eles não sofrem nem um pouco durante as atuações.
Jone Bauman, que participa de uma organização que fiscaliza maus tratos aos animais nos filmes, afirma que isso é o medo de Hollywood ser esnobada.
“Imagine um lobo do Alasca subindo no palco – as pessoas iriam ficar chocadas. E eu não me lembro do público ficar chocado quando um ator foi receber o prêmio”.
A organização dela também realiza um prêmio específico apenas para os animais atores. E a boa notícia para Uggie, revela, é que ele “está absolutamente classifica para o Pawscar desse ano”. Por enquanto é melhor do que nada.