Animais de estimação exóticos exigem cuidados especiais

O que você acha de criar um tubarão branco na entrada de casa, uma tarântula num aquário ou uma jaguatirica amazônica no canil

Domesticar bichinhos que passam longe do estereótipo de animais de estimação parece doidice, mas tem gente que gosta e garante que eles são bem legais.

O paisagista ecólogo Wyllis Silva cria há cinco anos dois tubarões, um branco e um preto, além de outros peixes. Os bichinhos foram trazidos de São Paulo por um amigo dele, que os comprou numa loja de animais para aquário. “Ficaram um tempo no aquário da empresa dele no Distrito Industrial”, conta Wyllis. “Aconteceu que um dia ele viu aquele peixinho do Nemo, todo colorido, bonitinho, comprou dois e os colocou no mesmo aquário. Feliz, chamou amigos para vê-los, mas aí os tubarões já estavam com a barriga cheia”, conta, divertindo-se com a forma pela qual os tubarões lhe chegaram às mãos. Cada Nemo custou R$ 400,00 e a decepção do empresário, que os entregou ao paisagista.

Na casa de Wyllis existe um pequeno lago artificial alimentado por um poço artesiano e nele são criadas carpas, cara-açu, espadas e peixes menores. “Os tubarões comem larvas, mas também pegam peixes pequenos. Com os grandes eles não mexem, são amigos do cara, da carpa e também dos tambaquis, que eu criava”, relata Wyllis.

Há cinco anos vivendo neste lago artificial, o tubarão branco parece ter atingido o pico do tamanho e com quase 1 metro não mete medo em ninguém na casa, até porque a aproximação dele é visível. Já o preto é diferente, dificilmente ele aparece e já alcançou mais de um metro de comprimento. “Eles vivem ai tranquilos, são agradáveis. Meus amigos vem aqui, jogam pão na água e eles aparecem”, conta o paisagista.

Fama de mal
Em condições naturais, um tubarão branco vira a fera dos mares e alcança facilmente mais de sete metros de comprimento. Já o preto é mais modesto, chega até cinco metros, mas carrega o mesmo DNA de ferocidade que fez a fama do parente branco.

Veterinário da clínica Diagnovet, Filipe Rudhja diz que criar espécies exóticas é plenamente possível e é até comum em Manaus, mas recomenda que o criador tenha cuidados especiais, sobretudo com a alimentação do bichinho. “Acontece, por exemplo, de pessoas pegarem papagaios e alimentarem com sementes de girassol. Girassol é oleoso e o papagaio desenvolve uma doença na pata chamada lipoma. Isso pode ocorrer com qualquer outro animal exótico”, relata.

Gosto por bichos ‘doidos’ foi herdado
O tatuador Ramon Montero cria duas tarântulas, uma mexicana e outra caranguejeira brasileira, e garante que elas são dóceis, amigas e bonitas. “Ganhei-as de um amigo biólogo, que cria aranhas, serpentes e vários outros bichos doidos”, conta.

Conforme Montero, as duas tarântulas se alimentam de pequenos bichos, como borboletas e ratinhos de mato. Para mantê-las ele mandou fazer dois aquários, um em casa e outro no trabalho. Decorou-os com galhos de árvores e mato, simulando um ambiente natural. “Trato com carinho, elas não são agressiva, não atacam, as pessoas vem na loja e batem foto dela naturalmente, as meninas colocam no ombro, no cabelo. É um mascote como qualquer outro bicho”, afiança.

O gosto por bichos “doidos” nasceu em casa, ainda no Peru. O pai criava serpentes, tartarugas e outros “estranhos”. O conhecimento permitiu que Ramon soubesse como tratar as “bichinhas”. “Ela come um ratinho a cada 15 dias, não posso servi-lo morto, ela tem que se guiar pela vibração do corpo dele para matá-lo e depois comer. Se servir a carne morta, ela não come”, explica.

O manjar das tarântulas ele consegue com o mesmo amigo biólogo, que tem uma criação de ratos de laboratório. Conforme Ramon, tarântulas como as que ele cria podem viver por 25 anos e alcançar o tamanho de um CD. “Há relatos de aranhas que viveram 30 anos em cativeiro”, completa.