Madonna tem apenas 10 centímetros, possui olhos vivos, faz movimentos rápidos e adora frutas e iogurtes. Desde o mês passado, vive no apartamento do empresário Eduardo Fleury, na Vila Olímpia. “Gasto umas três horas por dia em cuidados com ela e quero comprar agora um viveiro mais espaçoso para aumentar seu conforto”, afirma ele, referindo-se à fêmea de sagui que virou seu novo bicho de estimação. Nos últimos tempos, várias pet shops da cidade começaram a oferecer essa espécie de macaco, a preços que variam de 2.000 a 4.000 reais. No Galpão Animal, na Vila Leopoldina, a procura tem sido tão alta que faltam filhotes para atender tantos clientes. “Vendemos hoje uma média de cinco por mês”, conta a gerente Marina Britto.
Os saguis fazem parte da nova safra de bichos exóticos dos estabelecimentos especializados. A relação inclui ainda o desajeitado teiú, um lagarto que pode chegar a 1,5 metro de comprimento (800 reais), e a exuberante arara-vermelha (entre 6.000 e 9.000 reais). Eles nascem em cativeiro e sua comercialização é controlada pelo Ibama. Todos devem carregar microchips de identificação, cujo número consta da nota fiscal emitida pela loja. “As regras precisam ser mesmo rigorosas para não estimular o tráfico de animais”, diz Davi Carrano, que mantém um criadouro de saguis na cidade de Cotia.
Abrigar um macaco em casa é bem mais complexo do que manter um cão ou um gato. O animal é muito delicado e suscetível a doenças como gripe e herpes. “Além disso, o macho pode se tornar agressivo no período reprodutivo”, alerta Cristina Marques, bióloga do setor de mamíferos do Zoológico de São Paulo. Ou seja, é preciso refletir muito sobre a compra para que o pequeno sagui não se transforme, com o perdão do trocadilho, em um grande mico. Nos anos 90, várias pessoas investiram na aquisição de ferrets, também conhecidos como furões. A moda passou rápido e boa parte deles acabou descartada por seus donos. O Parque Ecológico do Tietê é um termômetro do problema: recebe por mês cerca de 1.000 bichos de todos os tipos abandonados na capital. Depois de tratados por veterinários, eles são remanejados para criadouros especializados.