Muitas pessoas não gastam R$ 40 por semana para cortar ou hidratar o cabelo ou para fazer as unhas, mas desembolsam esse valor, ou até mais, para cuidar do bicho de estimação. Pesquisa da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza aponta que os domicílios gastam em média por ano R$ 760 com cachorros e R$ 560 com gatos.
Ao contrário do Grande ABC, onde esse mercado está saturado, no País, o segmento de pet shops deverá alcançar crescimento real de 4,5%, somando R$ 11,2 bilhões neste ano. Apenas o Sudeste representará 52% dessa fatia, segundo a consultoria responsável pelo estudo.
A estudante de Direito são-bernardense Alejandra Bonotto Farias Franco leva rigorosamente a yorkshire Meg duas vezes por mês para fazer um verdadeiro tratamento de beleza. Ela calcula gastar quase R$ 1.500 por ano com a cachorrinha de 2 anos e meio. “A Meg é tratada como gente. Além da ração, sua dieta também é composta por cenoura, carne moída e legumes”, enumera.
Os mimos ao pet não ficam restritos à alimentação, pois a yorkshire possui vários brinquedinhos e de vez em quando ganha até sorvete, balas e chocolate, mas fabricados especialmente para cachorros. Meg só não come muito, pois começou a ter problemas de pele, desencadeados pelas guloseimas.
MERCADO – Para o sócio sênior da GS&MD, Luiz Goes, o avanço do setor é amparado pela alta do poder aquisitivo da população, principalmente das classes emergentes, que agora têm mais condições de manter um pet. “O mercado brasileiro tem um potencial muito bom, pois é pouco consolidado. As grandes cinco maiores redes somam apenas 5% do faturamento no setor, enquanto nos supermercados, por exemplo, elas representam 44%.”
O País é o segundo maior mercado do mundo no segmento de pet shops, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que movimentam quantia de US$ 48 bilhões. Goes acrescenta que a concorrência entre os pets de garagem é muito grande. A tendência é que parte deles se formalize.
Para alimentar os 98,1 milhões de bichos de estimação dos brasileiros, a indústria de nutrição animal vai produzir neste ano 2 milhões de toneladas de rações. Em 2010, o volume foi de 1,8 milhão de toneladas, sendo que 90% desse montante é destinado para cães. “Cerca de 60% dos domicílios alimentam os pets com as sobras das refeições, em especial as classes D e E”, destaca o diretor da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação, José Edson Galvão de França.
Investimento em loja é a partir de R$ 50 mil
Para investir em um pet shop de pequeno porte é preciso verba mínima de R$ 50 mil, isso depois de analisar minuciosamente a região que pretende abrir o estabelecimento e fazer plano de negócios. A presidente da Associação Paulista de Pet Shops, Silvia Valente, alerta que o ramo está saturado no Grande ABC, mas que as áreas periféricas de São Paulo apresentam boas oportunidades para os investidores.
Proprietária de uma loja em Santo André, Silvia pontua que o faturamento dos estabelecimentos de pequeno porte, maioria na região, não ultrapassa os R$ 20 mil mensais. Os mais abonados que puderem desembolsar R$ 250 mil para abrir um pet shop maior, têm receita bruta média na faixa dos R$ 60 mil. “A concorrência com os pets de garagem, que cobram pouco e não pagam impostos é uma das partes mais difíceis”, diz.
Segundo a executiva da Aspapet, muitos proprietários estão passando o ponto de venda. O engenheiro Fernando Stival, de São Bernardo, que era cliente antigo de um pet comprou a loja que frequentava há seis meses. “Acredito que o mercado está promissor. É preciso identificar as necessidades dos clientes e investir no que dá resultado.”
Assim que assumiu a empresa, Stival comprou uma máquina de secar cachorros que custa R$ 7.000. A meta é adquirir mais outra até o fim do ano e dobrar para 80 o número de atendimento nos dias de pico.
O sócio sênior da consultoria GS&MD, Luiz Goes, orienta que o ponto deve oferecer serviços além dos produtos. “A margem de lucro é maior na prestação de serviços como banho e tosa. E isso significa elevação nos gastos, pois os equipamentos nem sempre são baratos.”
Na loja de Stival, os serviços de banho, tosa e cirurgia respondem por 85% do faturamento, mantido em segredo pelo empresário. A meta é ampliar o espaço físico da unidade para faturar até 40% a mais neste ano.
Preços ficaram até 25% mais caros neste ano
Cuidar dos animais de estimação ficou mais caro neste ano. os principais serviços contratados nos estabelecimentos como banho e tosa, hotelzinho, consulta veterinária e ração encareceram até 25%, dependendo do local frequentado pelo dono.
A presidente da Aspapet, Silvia Valente, afirma que os reajustes são decorrentes dos repasses das altas nos preços das matérias-primas como shampoo, ração, água e combustível, por exemplo.
No ano passado, deixar o pet para tomar banho e tosar custava em média R$ 20, mas neste ano o preço atual é R$ 25. Se for usar o serviço leva e traz, o valor atual é de R$ 6 contra os R$ 4 cobrados anteriormente, devido às oscilações no preço do combustível.
Para deixar o bicho no hotel da clínica veterinária é preciso desembolsar valor médio de R$ 26, sendo que há menos de um ano pagava-se R$ 20 pela diária. A consulta veterinária ficou 25% mais cara, R$ 50.
TENDÊNCIAS – O principal evento do mercado de animais de estimação, o Pet South America, será realizado entre os dias 18 e 20 de outubro em São Paulo. A edição deste ano mostrará como indústria de produtos e serviços para animais de estimação está em contínuo crescimento e que as tendências de saudabilidade na alimentação também chegaram ao mundo pet.
Como os animais deixaram e ser apenas parte da vida doméstica para obter um papel significativo na saúde e autoestima dos donos, eles estão gastando cada vez mais com esses integrantes da família.
Prova disso é que a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas divulgou em julho a Pesquisa de Orçamento Familiar brasileira e revelou que os paulistanos gastam mais com a alimentação de seus pets do que o consumo de feijão. A fatia para compra de comida dos animais de estimação é de 0,55%, maior do que 0,39% de feijão.
O diretor da Anfalpet, José Edson Galvão de França, afirma que nos Estados Unidos, parte das rações já são fabricadas com ingredientes orgânicos, livres de agrotóxicos. Outra novidade é a confecção de comedouros sem cheiro de plástico, que em breve chegarão ao País.