O mercado de animais de estimação no Brasil está em franco crescimento. Segundo pesquisa feita pela GSMD – Gouvêa de Souza, consultoria empresarial especializada em varejo, marketing e canais de distribuição, o setor cresceu 8,5%, em 2010 na comparação com 2009. “O mercado está em processo de amadurecimento. Hoje, temos no Brasil cerca de 50 milhões de pets. Em relação a pontos de venda, há um petshop para cada duas farmácias, por exemplo”, explica o sócio-sênior da GSMD, Luiz Goes.
Junto com o aumento do público, surgem as demandas por serviços e tratamentos diferenciados, já que, de acordo com a pesquisa da GSMD, os donos dos animais gastam anualmente uma média de R$ 2 mil com seus pets.
“O setor de pets é muito pulverizado. São poucos os empreendedores que possuem redes”, esclarece Goes. “O aperto surge quando as maiores começam a oferecer experiências diferentes, produtos diferenciados e até possibilidades de crédito, por exemplo. Nessa hora, o pequeno precisa se diferenciar, oferecendo uma oferta de produtos e serviços mais organizada e buscando inovação.”
Mercado de produtos
Segundo estudo realizado em 2010 pela Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet), o mercado de equipamentos e acessórios para pets representa 8% de todo o setor. O mix de gastos é complementado por alimentação (66%), serviços (20%) e medicamentos veterinários (6%). Com boas expectativas de crescimento, os empreendedores seguem na busca por diferenciais que façam do seu negócio uma referência para o universo dos petshops.
Esse é o caso da empresária e veterinária Sabrina Sarmento. Ela toca há cerca de um ano e meio o projeto da PetNap. A empresa fabrica camas para cães e gatos com espuma viscoelástica também usada em travesseiros – e popularmente conhecida como tecnologia Nasa.
“Vivi sete anos fora do Brasil. Quando retornei, comecei a pesquisar o que estava faltando dentro do mercado de pets”, explica Sabrina. “Foi desse estudo que cheguei à conclusão de que o mercado era carente de um produto com uma tecnologia diferenciada.”
Sabrina herdou da família a companhia Poliuretanos Brasil, que já fabricava travesseiros com a espuma que foi aplicada nas camas para pets. “Aproveitei toda a estrutura de produção da Poliuretanos, o maquinário e a matéria-prima importada, e adaptei para a produção das caminhas”, conta a empresária.
Mesmo com o auxílio estrutural, Sabrina investiu cerca de R$ 130 mil para concretizar o projeto. Para entrar em ação, a empresária contratou seis funcionários e desenvolveu novas formas para o maquinário da fábrica. A PetNap entrou oficialmente no mercado em outubro de 2011, quando a marca começou a ser exposta nas prateleiras dos petshops.
Com cerca de três meses no mercado, a companhia atende a pets das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. “A projeção para 2012 é de crescimento. A minha ideia é atingir 10% dos petshops do Brasil.”
Mercado de serviços
Se o mercado de produtos vai bem, o de serviços não fica para trás, em busca da diferenciação para ganhar mercado. A também empresária e veterinária Vanessa Requejo, que já trabalha com pets há 15 anos, resolveu em 2005 abrir uma creche e hotel para cães, a Cãominhando. “Durante meus anos de experiência, via que os cães que ficam em casa apresentam mais problemas de comportamento. Fui percebendo que esse serviço era uma necessidade dos meus clientes”, explica Vanessa.
Com um investimento inicial de cerca de R$ 70 mil, a empresária montou a primeira unidade da Cãominhando. O dinheiro foi usado para a reforma da casa que sediaria a creche e hotel para os cães. O capital investido na empresa foi totalmente reposto em três anos de funcionamento e, atualmente, a Cãominhando tem um faturamento bruto de R$ 35 mil ao mês.
O negócio foi expandido há seis meses. Hoje, a empresa possui duas unidades – uma para cães de pequeno porte e gatos, e outra para cães de grande porte – com o total de 60 matriculados. Os pacotes da creche variam entre uma a cinco vezes na semana e os valores vão de R$ 190 a R$ 500. “No dia na creche, os animais ficam soltos e brincam. Podem jogar bola, ir à piscina e, o mais importante, socializar com outros cães”, esclarece Vanessa.
Luiz Goes, sócio-sênior da GSMD, explica que nesse mercado um grande diferencial é o apelo emocional, já que toda aquisição de produtos ou serviços está conectada ao sentimento de carinho que o dono tem pelo animal. “O empresário tem que saber utilizar esse viés emotivo para o seu negócio”, aconselha.