O mercado para pets movimenta cerca de R$ 8 bilhões no Brasil.
“Mas desse total, apenas 1% é de produtos de luxo”, diz Carlos Flores, proprietário da Mon Ami Pet World, especializada em produzir artigos chiques para cães. Os números indicam que esse mero 1% representa nada menos do que R$ 800 milhões. “Mas o que sustenta o mercado são os artigos básicos, como banho, tosa e ração”, conta Flores.
“Esse negócio de roupinha e coleira de jóias é para poucos.” Para esses poucos, eventos e festas para os bichos entram na lista de mimos especiais. Há dois meses, o buldogue inglês Bernardo – da bióloga Eliza Yamamoto, 42 – comemorou seus dois anos num grande evento, realizado no Planet Dog Resort, no Morumbi. Entre as atrações para os 50 convidados de quatro patas, houve até desfile de roupa caipira. No final da festa, todos se reuniram em volta do bolo – feito com ração triturada, carne moída, purê de batata e cenoura – para cantar “Parabéns pra Você”. Na saída, os convidados ganharam uma sacola de lembranças, com um ímã de geladeira com a foto de Bernardo e Bolota, petiscos caninos e tiaras para as fêmeas.
A festa custou cerca de R$ 1.600. Bolota, namorada de Bernardo, também é tratada como filha pelo casal Tatiana Gonçalves, 32, produtora de eventos, e Ronaldo Pavan, 40, fotógrafo. “Nossos amigos sabem que Bolota é nossa filha. Nosso amor por ela é incondicional”, diz Tatiana. Tratar um cachorro como se fosse um filho e gastar tanto com o bicho pode parecer estranho. Mas o psicólogo Mauro Landzman, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), afirma que não há nada de errado. “As pessoas sabem que não pariram o cachorro. Mas sentem um carinho muito grande pelo animal, que só a palavra ‘filho’ pode exprimir”, diz Landzman.
Mesmo assim, a publicitária Ingrid Martins, 36, gosta de deixar claro que a maltês Apple, com quem divide o apartamento, não é sua filha. “Ela tem todo o meu carinho, mas eu a trato como cachorro”. Em vez de ficar em casa com uma empregada, Apple vai todos os dias para uma creche de cães, nos Jardins. “Sentia culpa por deixá-la sozinha em casa o dia todo”, diz Ingrid, que paga R$ 150 mensais pelo serviço.
“Estima-se que, por mês, as pessoas gastem em torno de R$ 200 com seus bichos”, destaca Alfredo Roldan, gerente de marketing da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação. Numa cidade como São Paulo, onde estão 50% dos 40 mil pet shops do Brasil, esse valor pode chegar a R$ 400. Para o empresário João Leal, 45, que gasta em média R$ 400 com seus cães – os buldogues Elvis, 8, e Chanel, 3 –, o dinheiro é necessário. “Eles merecem o melhor”, afirma. E o mais caro.