A chegada do verão exige cuidados com os animais de casa, que também sofrem com as temperaturas altas da estação. Se os dias quentes são convidativos a passeios ao ar livre, viagens e brincadeiras na água, o bem-estar do seu bichinho requer atenção redobrada dos donos. Uma das recomendações mais básicas dos veterinários é o horário da ida ao parque, que deve ser sempre em temperaturas mais amenas. O sol forte castiga o cão, que pode sofrer fadiga, desidratação e até queimadura nos coxins, aquelas almofadinhas das patas. Durante o programa, é importante fazer pausas para hidratação e descanso na sombra.
“Como referência prática, animais precisam receber no mínimo 60 ml de água por quilo de peso corporal por dia. Ou seja, um animal de 5 kg deve ingerir 300 ml de água por dia, limpa e fresca de preferência”, aconselha a veterinária Keila Regina de Godoy, da Premier pet. Para não depender dos bebedouros no local, uma solução prática é levar na bolsa um bebedor que seja acoplado à garrafa pet.
Cães de focinho curto, como pugs e buldogues, são raças que têm, por natureza, maior dificuldade na transpiração e, portanto, sofrem mais com o calor. Seja cauteloso e fique atento ao ritmo da corrida. Em vez de pedalar e puxar seu cão pela coleira, prefira andar ao lado dele, evitando forçar demais o ritmo da atividade.
É normal que, em dias quentes, o animal perca o apetite e passe a comer menos. A recomendação, então, é diminuir a quantidade de ração; uma sugestão é escolher um horário do dia mais fresco para a oferta da comida. E, se o animal manifestar que está com fome, mas rejeitar a ração, desconfie: “a ração industrializada pode sofrer alterações no calor e rancificar. Se o animal ingere esse alimento, ele pode ter diarreias e vômitos”, diz Keila Regina.
Um dos maiores riscos para o animal de casa na estação mais quente do ano é o passeio de carro com o dono. “Infelizmente, é comum a pessoa dar uma paradinha para ir ao banco e deixar o cachorro dentro do carro, fechado, sem ventilação. Isso é altamente perigoso”, afirma o veterinário Andrei Nascimento, gerente técnico da MSD Saúde Animal. A hipertermia, aumento da temperatura corporal, pode levar a desmaio. “A sensação térmica para o cão é a de uma sauna. Em pouco tempo, há uma queda na pressão, ele pode desmaiar e até sofrer uma parada cardíaca.”
Para quem tem piscina em casa, o verão pede brincadeiras refrescantes. O alerta nesse caso é em relação à ingestão da água da piscina, que é carregada de cloro e outras substâncias químicas prejudiciais à saúde do seu pet. “O cão é atraído pelo movimento da água. As ondulações na superfície da piscina tornam a água mais convidativa. Mas ela pode causar transtornos gastrointestinais”, diz Elaine Pessuto, diretora clínica do Cetac (Centro de Ensino e Treinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária). Uma dica para driblar a curiosidade do pet, ensina a veterinária, é distraí-lo com outras fontes de água corrente, como de torneira e mangueira.
Gatos também costumam gostar mais de água corrente. Além da troca constante da água da vasilha para ficar sempre fresquinha, a solução para eles pode ser uma pequena fonte, que cabe em ambiente interno e também serve de incentivo ao consumo. Com hábitos mais caseiros, os gatos já tendem a procurar por aquele cantinho mais fresquinho da casa. Situação bem diferente do cão, principalmente se ele passa o tempo todo no quintal de casa ou outro ambiente externo.
Nesse caso, a preocupação deve ser a prevenção de doenças. Atualmente, o Brasil é um país endêmico para a leishmaniose, por exemplo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença, grave, é transmitida por um inseto que se desenvolve em locais com matéria orgânica em decomposição. “O animal que fica 24h exposto a um ambiente desse tipo, como um quintal, sofre grande risco. Se o animal é picado por essa mosca transmissora, ele se torna também uma fonte de infecção dentro de casa”, alerta Andrei Nascimento. A prevenção, além da constante higiene do local, inclui o uso de repelente contra insetos.