A gente conversa, coloca roupinha, cobre com cobertor e trata o bichinho de estimação como se fosse gente, mas nem sempre isso faz bem para o pet. Cada espécie tem suas necessidades e saber quais são e como atendê-las o torna um dono informado – com um bicho feliz. Tarsis Ramão, adestradora da equipe Cão Cidadão, apontou alguns erros comuns desse convívio, para que você entenda como pensa seu melhor amigo e tornar essa relação cada vez mais saudável e harmoniosa.
1 – “Meu bichinho é meu bebê!”
Gatos não gostam de banho, cães não devem passear de sapatos, ambos detestam perfume e, muitas vezes, não ficam nada confortáveis com roupas e penduricalhos. E eles têm seus motivos para isso. Humanizá-los é um dos grandes erros dos donos.
Criamos necessidades e expectativas que não se enquadram ao que a natureza deles determina, o que torna a relação confusa e, muitas vezes, desastrosa. Já pensou se seu gato quisesse que seu banho fosse à base de lambidas ou se seu cãozinho exigisse que você fizesse um xixi a cada poste no passeio?
2 – “Xixi e cocô fora do lugar? É preciso reprimi-lo, pois só assim ele aprende”
Essa atitude pode piorar o problema. Quando você pune seu bichinho nesse momento, ele entende que está sendo reprimido por fazer o xixi ou cocô. Na cabecinha dele, você está insatisfeito com a atitude, não com o local em que ele fez. Sendo assim, a tendência é que ele passe a se esconder para fazer as necessidades ou mesmo segurá-las. Tenha paciência com os erros, que são naturais, e o recompense quando seu peludo acertar o banheiro.
Essa é a fórmula do sucesso. Ah, nem precisa dizer que esfregar o focinho no xixi é uma péssima e nada higiênica ideia, certo?
3 – “Uhu Rex, vamos passear?”
E depois da palavrinha mágica fica quase impossível ir para rua de forma tranquila – até colocar a coleira se torna um árduo trabalho, tamanha excitação do animalzinho em ir para a rua. Os animais, de um modo geral, são condicionados o tempo todo com as mínimas coisas. Dono+coleira+empolgação= euforia e passeio difícil. Evite agitá-lo ao chamá-lo para passear. Torne a coleira, na medida do possível, um elemento corriqueiro do dia a dia, manuseando-a em outras ocasiões e não só na hora de sair.
Treinar comandos como “senta” e “fica” também ajuda muito o seu peludo a se acalmar e a se concentrar. E nada de pressa! Uma saída esbaforida não é sinônimo de passeio prazeroso – e só vai fazer você querer voltar mais rápido ainda.
4 – “Quem que roubou a roupa do varal e estragou as plantas, hein?”
Você chega em casa e, muitas vezes, se depara com um cenário pós-guerra, mas não se contém: esbraveja com o responsável, falando poucas e boas. Só que no dia seguinte, no entanto, é a mesma coisa – ou pior. Por quê? Seu animalzinho só entende uma bronca no exato momento do erro ou no máximo segundos depois do “crime”. Então, se ele comeu as almofadas pela manhã ou roubou uma guloseima da mesa na hora do almoço, não adianta nada brigar no fim do dia.
“Mas ele sabe que estou bravo. Até se esconde!” Sim, seu tom de voz, postura corporal e expressão realmente deixam claro que você está zangado com seu cão, mas ele não sabe exatamente o porquê. Você precisa educá-lo, corrigindo os maus comportamentos em flagrante delito. Para evitar esse comportamento, é muito importante deixar seu pet ocupado na sua ausência. Brinquedos, ossos, petiscos escondidos e outras diversões ajudam a mantê-lo entretido – e seus pertences a salvo.
5 – “Palmadinhas não fazem mal”
Achar que bater, mesmo que de leve, é o ideal para educar seu pet é um grande equívoco. Violência gera violência. Uma repreensão física, mesmo que sutil, pode tornar seu bicho de estimação desconfiado, arredio, inseguro, acuado e fazer com ele pague na mesma moeda, afinal, ele precisa se defender. Existem inúmeras maneiras mais adequadas e eficazes de educar seu peludo. O respeito mútuo é sempre a melhor e mais bem-sucedida escolha.