A cinomose é uma moléstia febril altamente contagiosa, causada por vírus e apresenta uma distribuição mundial. Acomete as famílias Canidae (cão, lobo, raposa, coiote, chacal), Mustelidae (ariranha, lontra, furão), Procyonidae (quati, guaxinim, jupará) e Viverridae (mangusto, cuíca).
A cinomose é uma enfermidade que não tem predileção por sexo ou raça. Também não há predileção sazonal, pois pode ocorrer em qualquer época do ano. Os reservatórios e transmissores são os próprios cães doentes, animais silvestres e cães portadores sãos, que se recuperam e podem infectar outros animais e a próxima geração.
É considerada a doença viral mais freqüente dos cães e a que causa maior morbidez e mortalidade. Sua incidência é maior em cães jovens entre 3 a 6 meses de idade, depois que desapareceu a imunidade passiva materna transmitida pelo colostro (primeiro leite produzido após o parto). A mortalidade dos animais doentes atinge freqüentemente de 50 a 90% dos casos. Apenas a raiva possui uma taxa de mortalidade mais elevada que a cinomose.
O agente da cinomose é um RNA-vírus da família Paramyxoviridae, gênero Morbillivirus estando relacionado intimamente, em termos antigênicos e biofísicos, ao vírus do sarampo dos seres humanos e ao vírus da peste bovina.
Procedimentos normais de limpeza e desinfecção são efetivos na destruição do vírus da cinomose em superfícies duras e objetos inanimados. Em climas quentes são menos resistentes, porém em climas mais frios, os vírus podem sobreviver durante meses.
A via de transmissão é feita principalmente por secreções respiratórias (aerossóis e gotículas que contenham o vírus) e excreções digestivas e urinárias. A via de ingresso mais comum é a respiratória, entretanto o vírus pode ingressar pela via digestiva ou conjuntival, através do contato direto com locais e alimentos contaminados por animais enfermos.
O período de incubação para o surgimento dos primeiros sintomas clínicos da cinomose aguda é geralmente de 14 a 18 dias. Como sintomas iniciais temos uma febre transitória, que dura poucos dias, sem sintomas evidentes da moléstia, pois a temperatura retorna ao normal. A 2a elevação da temperatura do animal é acompanhada de conjuntivite (irritação dos olhos com secreção ocular) e rinite (secreção nasal). Tosse, diarréia, vômitos, inapetência, desidratação são comumente observados em cães com cinomose aguda.
A cinomose é considerada como uma doença causadora de imunodeficiência adquirida ou secundária devido a queda de resistência e imunossupressão que provoca. Por isso poderemos ter associados com o vírus da cinomose infecções secundárias bacterianas causando pneumonia, erupções cutâneas, conjuntivites e enterites. Freqüentemente aparecem ainda sintomas de encefalite aguda com uma série de manifestações neurológicas tais como tremores musculares involuntários (tiques nervosos) em grupos musculares determinados, ataques de mascar borracha, incoordenação motora, andar cambaleante, locomoção em círculo, rigidez muscular. Vocalização similar ao estado de dor, respostas de temor e cegueira estão ainda entre os sintomas observados na cinomose.
A magnitude do envolvimento neurológico exerce uma importante influência sobre o prognóstico da cinomose. Geralmente aparecem primeiro os sintomas digestivos ou respiratórios que depois progridem para os sintomas nervosos. Às vezes os sintomas nervosos aparecem diretamente, mas isso é menos comum. Há ainda casos em que devido a meningoencefalite os animais ficam agressivos, simulando a raiva.
Atualmente não há agentes antivirais ou agentes quimioterápicos de valor prático para o tratamento específico da cinomose. O prognóstico é reservado para a maioria dos casos de cinomose aguda, especialmente se estão presentes sintomas neurológicos, mas o controle das infecções secundárias e o tratamento de apoio melhoram as chances de recuperação.
O tratamento preventivo sempre é recomendado por ser o mais seguro, o melhor e o de menor custo, consistindo em se vacinar anualmente os cães adultos contra cinomose. Os filhotes a partir dos 30 dias de idade devem receber a 1a dose da vacina contra cinomose (vacina óctupla) e mais duas doses de reforço com um intervalo de 21 a 30 dias cada.