Estudos já mostraram que o latido de cachorros em determinadas situações pode chegar a 100 decibéis. Isso é mais do que o barulho de um trem do metrô ou de uma moto. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível aceitável de ruído para a saúde humana é de 55 decibéis. Os cães típicos de caça e alguns dos pequenos, como o beagle, estão na lista dos mais barulhentos.
O ruído excessivo, sem que os vizinhos entrem em acordo, pode fazer a relação entre os dois azedar de vez e acabar na Justiça. A legislação relacionada ao barulho permite ao morador que se sente incomodado alegar, por exemplo, perturbação do sossego. Segundo a Lei de Contravenções Penais, isso ocorre quando se provoca ou não procura impedir barulho produzido por animal sob sua guarda.
Contudo, caso uma simples conversa não seja a solução, há alternativas para tentar contornar a situação. Para a adestradora de animais Cláudia Pizzolato, o emissor de ultrassom não é um método que considere eficiente para diminuir os latidos dos cachorros. Ela afirma que o auxílio de um adestrador seria essencial para haver um condicionamento eficiente do animal. Caso contrário, ele pode simplesmente se acostumar com o ruído e, após algum tempo, voltar a latir.
Para ela, há estratégias mais importantes. Uma delas é o próprio morador tentar entender em que situações seu cachorro late. Já há no mercado até terapias comportamentais para cães que ensinam como o dono deve chegar ou sair de casa sem provocar estresse no animal. A cirurgia de cordas vocais foi proibida.
Para Armen Neliksetyan, da M>, fabricante de aparelhos antirruído no Brasil, os usuários mostram satisfação, e o produto não é ofensivo ao animal. Ele cita o uso de aparelhos de
ultrassom por carteiros no Reino Unido e em treinamentos de caça em diferentes países como exemplo da aceitação do aparelho. Ele pede a regulamentação no País desse tipo de apetrecho.
Motivos
A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa) critica especialmente o comportamento de responsáveis por animais que não se preocupam com o excesso de latidos. “Por que o cachorro está latindo? Se é porque fica sozinho o dia inteiro, essa pessoa não pode ter cachorro”, diz Izabel Nascimento, presidente da entidade e contrária ao aparelho.
O advogado Rogério Gonçalves afirma que o uso do produto se enquadra em crime de maus-tratos.