Ter um bichinho de estimação é o sonho de muita gente. No entanto, muitas pessoas abrem mão do projeto devido às alergias originadas por causa dos pelos desses animais. Todavia, segundo o alergista e especialista em imunologia, André Luiz Becker, na grande maioria dos casos, essa convivência pode existir, sim, e com muitos benefícios aos pacientes.
– Já não é mais de praxe impedir pacientes alérgicos de conviver com animais de estimação. Hoje em dia este convívio é considerado benéfico e salutar, exceto em poucos casos de alergias mais graves – explica.
Para a médica veterinária da Ourofino, Juliana Trigo, as alergias não têm origem exclusivamente no pelo dos mascotes.
– Existe a crença de que alérgicos não devem ter cães ou gatos peludos. Na realidade, a vilã causadora das alergias é a descamação natural da pele do animal e não o pelo – destaca.
Como se desenvolvem as alergias
Becker explica que é difícil determinar como surgem os problemas de saúde decorrente dessa convivência. O diagnóstico é muito particular, dependendo do histórico de cada paciente.
– Em sua maioria, as alergias aparecem rapidamente, com coceira na face ou nos olhos, espirros e coriza. No entanto, há casos em que elas surgem mais lentamente e persistem por mais tempo. A própria asma, por exemplo, pode não ser imediata, estabelecendo-se de forma gradual – diz.
Becker revela ainda que, uma vez que o indivíduo comece a ter reações alérgicas a um determinado animal, ele tende a repetir o quadro alérgico toda a vez que for novamente exposto. Além disso, mesmo que não seja alérgico, se o paciente for exposto ao pelo em momentos nos quais esteja com a imunidade baixa, ele pode desenvolver o problema.
– Há fases na vida em que a idade, o estresse e o cansaço, entre outros fatores, podem facilitar o processo de sensibilização, que seria o início do ‘desejo’ de reagir de forma alérgica. Daí para diante a reação tende a se repetir – explica.
Como identificar as alergias
Segundo Becker, é fundamental avaliar o perfil da família e a idade das crianças antes da trazer um bichinho para casa. O histórico de alergia de um ou de ambos pais aumenta muito a possibilidade do indivíduo ser alérgico. No entanto, há casos em que a alergia a algum fator desencadeado pelo mascote é bem menor do que outras causas que merecem mais atenção, como poeira e mofo, por exemplo.
– Um bom conselho é o de não tomar uma decisão importante como esta de forma precipitada, sem antes avaliar possíveis riscos à saúde da família – complementa.
Becker lista alguns sinais e sintomas que podem sugerir algum tipo de alergia:
– Problemas nasais como espirros, obstrução, vermelhidão e coriza;
– Respiração oral, chiado no peito, tosse e falta de ar;
– Na face, coceiras, com vermelhidão ou não;
– Na pele, o surgimento de lesões vermelhas ou escamativas como urticárias e dermatites.
– Nos olhos, coceiras, lacrimejamento e vermelhidão nas conjuntivite,
– Infecções recorrentes.
Segundo Juliana, cuidados simples ajudam os alérgicos a conviverem com os animais de estimação:
– Banhe e escove o seu mascote uma vez por semana. Isso deve ser feito por um membro da família não alérgico ou em local especializado;
– Lave, com água quente, a cama, os cobertores e as roupas dele uma vez por semana;
– Utilize aspiradores de pó em tapetes e sofás, além da limpeza do local com pano úmido;
– Mantenha a cama e a caixa de areia dos animais longe do quarto da pessoa alérgica;
– Quem é sensível ao pelo deve evitar abraçar, beijar e acariciar os animais. Caso tenha esse tipo de contato com o animal, a pessoa deve lavar bem as mãos logo depois.