Com a aproximação das festas de fim de ano, muita gente começa a fazer as malas e a levar o carro para um check up, preparando-se para encontrar parentes e amigos longe de casa.
Para outra boa parte da população, tão importante quanto essas tarefas é decidir o que fazer com o bichinho de estimação da família.
As três principais opções são: levá-lo na viagem, deixá-lo em casa (sob os cuidados de alguém de confiança, de preferência) ou hospedá-lo em um hotelzinho.
O que poucos sabem é que a saída mais indicada para um cachorro pode não ser para um gato, um pássaro, um peixe, uma tartaruga ou um ramster.
Segundo Alexandre Sano, diretor da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, o primeiro detalhe a levar em consideração é a personalidade do bichinho. Portanto, antes de ler as dicas a seguir, pense bem no que vai deixar seu pet mais feliz e saudável.
Deixar o bicho em casa sozinho não parece uma saída sensível, mas tirá-lo do ambiente com o qual está acostumado também não. Gatos, peixes, tartarugas e aves estão entre os que mais sofrem com o transporte, avisa Sano.
– O estresse pode ser tão grande que a chance de o animal, com exceção do gato, ficar doente e até correr risco de morte existe.
Por isso, o mais adequado, nesses casos, é deixar o pet em casa, sob supervisão diária de alguém de confiança, que possa alimentá-lo e deixar sua moradia limpinha, ou procurar um hotelzinho.
Caso você prefira a segunda opção, fique atento a alguns detalhes sobre o local onde pretende deixar seu animal.
– É fundamental saber se haverá médicos veterinários de plantão 24 horas por dia, além de checar a higiene e as instalações do hotel pessoalmente.
Cachorros – um caso à parte
Eles são dependentes e não costumam se dar bem sozinhos em casa. Fazem bagunça, comem toda a comida de uma vez só e, em alguns casos, chegam a uivar. Cães, portanto, não devem ser deixados sozinhos em casa enquanto a família está fora.
Se você estiver pensando em levá-lo na viagem, saiba que essa situação é bem menos traumática do que nos casos de felinos, aves, répteis, peixes e roedores.
A preparação começa bem antes da viagem
Algumas medidas sanitárias são necessárias para garantir a saúde dos animais, segundo Marcelo Quinzani, médico veterinário e diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care.
– Para viajar com um pet, de avião ou de carro, basta que o proprietário possua a carteira de vacinação atualizada, com destaque para a imunização antirrábica, além de um atestado sanitário, emitido por um médico veterinário credenciado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de origem do animal. Este documento garante que o cão ou o gato está livre de doenças contagiosas e que pode circular.
Antes da viagem, leve o bicho ao veterinário para checar seu estado de saúde geral e pegar o atestado sanitário. Este documento vale por dez dias. Caso a viagem dure mais tempo, será preciso conseguir, no destino final, uma nova documentação, para ser usada no retorno.
O veterinário José Luis Crespo, do Cãopestre Park Hotel, explica que, se o bicho não estiver vacinado, corre o risco de contrair doenças contagiosas durante o passeio. Enfermidades como dirofilariose (que ataca o coração), erlichiose (doença do carrapato, que contamina o sangue), leishmaniose (transmitida por mosquito, causa problemas cutâneos), além de pulgas, sarnas e parasitoses intestinais.
Como há muitos animais de rua em algumas regiões litorâneas, pode ser perigoso também contrair cinomose e parvovirose. Por isso, é importante que o bicho esteja vacinado. No entanto, Quinzani não aconselha vacinar o animal no mesmo dia da viagem.
– A vacinação não deixa de ser um procedimento que causa um estresse imunológico no animal, podendo também causar dor local, febre e em alguns casos reações anafiláticas. Por isso, não recomendamos vacinar e viajar no mesmo dia.
Dicas para quem for viajar de carro com um bicho
O ideal é que o percurso não seja muito longo. Para a segurança de todos, o animal deve ser acomodado em uma caixa de transporte e não viajar solto no veículo. A caixa também evita problemas com a Polícia Rodoviária, pois é proibido transportar bicho no colo do condutor. Se isso acontecer, o motorista pode, além de receber uma multa, perder de quatro a cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Caso o bicho transportado seja de uma espécie silvestre, é preciso ter em mãos um documento (expedido pelo Ibama) comprovando a licença para propriedade do animal. Caso contrário, quem estiver com o pet selvagem corre o risco de ir para a cadeia – e sem a possibilidade de pagar fiança, já que crimes ambientais são inafiançáveis.
Cuidados essenciais no carro, no ônibus e no avião Para que o pet não passe mal na estrada, Crespo dá uma dica sobre alimentação.
– Não é preciso dar nenhum remédio antes da viagem, a menos que haja indicação veterinária. É importante que o bicho esteja em jejum por pelo menos seis horas. Caso contrário, pode enjoar e vomitar durante o trajeto.
Os horários mais indicados para fazer o trajeto são os noturnos ou logo no início da manhã, pois, nesses dois casos, a temperatura é mais amena. Deixar o ambiente bem ventilado também faz diferença.
– Cães de certas raças, como buldogues, podem vir a morrer por causa do calor dentro do carro, por exemplo. Os animais mais peludos devem de ser tosados antes da viagem. Durante o trajeto, é necessário parar a cada duas horas para que o bicho beba água e faça xixi. Ao chegar ao destino, ele poderá retomar sua rotina.
Dicas para quem vai viajar de avião com um pet
O ideal é o animal ir no mesmo vôo que o dono. Caso contrário, o animal será considerado carga e irá com a bagagem, ensina Crespo.
– O proprietário do pet deve se programar com antecedência, principalmente em relação à data. Não é todo dia que se pode voar com cães, e só são permitidos dois animais por aeronave.
Viajando de ônibus
Neste último caso, os animais são transportados em gaiolas, como bagagem de mão, nos pés dos proprietários. Só são permitidos bichos de até 10 quilos no ônibus.