Em dezembro, o IFAW (Fundo Internacional de Bem-Estar Animal) conduziu o primeiro estudo público que avaliou a relação entre a venda de filhotes pela internet e como o negócio das fábricas de filhotes é mantido.
“Consumidores que optam por comprar filhotes pela internet são levados a acreditar que estão comprando de criadores com boa reputação”, disse Bem Stein, membro honorário do conselho de administração do IFAW. “As fotos fofas de filhotinhos mostradas em muitos sites de vendas escondem a desoladora realidade da superlotação e das condições de insalubridade em que os filhotes são mantidos.”
O relatório “Quanto custa esse cachorrinho no meu navegador? A verdade por trás das vendas online de filhotes” foi liberado após os investigadores realizarem uma análise completa dos dados coletados depois de apenas um dia examinando anúncios em nove websites – Animaroo, DogsNow, NexrDayPets, PuppyFind, PuppyTrader, TerrificPets, Craiglist, eBayClassifieds e Oodle.
De acordo com o relatório, apenas naquele dia “havia um total de 361.527 anúncios postados para venda de filhotes. Dentro desses anúncios havia, numa estimativa conservadora, 733.131 filhotes anunciados para venda naquele dia (considerando o dobro para qualquer anúncio que genericamente fazia menção a mais do que um filhote a venda, o que elevaria para 10 ou mais cachorros numa ninhada dependendo da raça.) Os investigadores capturaram e gravaram 12.740 anúncios desses nove websites para análise dos dados básicos.”
Destes sites, foram investigados aproximadamente 10.000 anúncios usando critérios estabelecidos por uma comissão de ‘experts’ para determinar se os cachorros nos anúncios poderiam ou não vir de uma fábrica de filhotes, incluindo se havia fotos dos ‘tutores’, se os vendedores se encontravam com os compradores apenas fora da propriedade, se os filhotes pareciam limpos, se muitas raças eram ofertadas, se termos de retorno e reembolso eram oferecidos e se havia filhotes com menos de oito semanas disponíveis, entre outros critérios.
Os resultados mostraram que o site com a maior porcentagem de cachorros que provavelmente vieram de fábrica de filhotes foi o Animaroo com 85% – seguido por PuppyTrader com 64%, DogsNow com 62%, NextDayPets com 61%, PuppyFind com 55% e TerrificPets com 44%.
Infelizmente, há muito pouco que pode ser feito para proteger esses cachorros, graças a uma brecha na Lei de Bem-Estar Animal (sigla em inglês AWA), que permite vendedores online operarem sem nenhuma fiscalização.
“A maioria das regulamentações federais direcionadas para o comércio de filhotes são pré-internet e insuficientes em informar questões relacionadas à venda online de filhotes,” disse Tracy Coppola, oficial de campanhas da IFAW. “Começamos nossa investigação para determinar a extensão e o tamanho do comércio de filhotes como parte de um esforço para informar melhor aos legisladores, já que atualmente eles estão considerando novas políticas para eliminar as brechas que permitem que essa prática continue.”
Em maio de 2012, a USDA anunciou uma proposta para regularizar criadores que vendem cachorros online diretamente ao público, através de uma atualização na definição de 40 anos do termo “retail pet store” (loja de animais de varejo) para tapar algumas brechas e impor a mesma regulamentação a esses criadores como aquelas encaradas pelos grandes vendedores no âmbito da AWA e se aplicaria a todos que criam mais do que quatro “cadelas, gatos e/ou pequenos animais exóticos ou mamíferos selvagens” todo ano. Lojas físicas foram isentas de regulamentação sob a premissa de que as pessoas podem entrar e observar a saúde e bem-estar dos animais antes de levá-los para casa.
“Com a demanda americana por cachorros crescendo, também cresce o número de vendas online”, disse Jeff Flocken da IFAW. “Nesta época de férias e depois também, esperamos que os consumidores que procuram um novo filhote para suas famílias não se tornem vítimas das práticas depreciativas dos operadores das fábricas de filhotes na internet. Ao invés disso, poderiam tomar uma decisão proativa contra essas fábricas, através da adoção em um abrigo local e instalações de resgate.”
Evidentemente a venda de animais é uma prática que visa apenas ao lucro dos criadores, que mantêm os animais aglomerados em condições indignas e obrigam as fêmeas a procriarem incessantemente com vistas nas vendas de seus filhotes que são comercializados como se fossem objetos. O ideal seria não regularizar esse comércio de vidas, mas sim proibi-lo de uma vez por todas, de modo que os animais parem de ser tratados como coisas comercializáveis, e incentivar sempre a adoção em detrimento do desejo de comprar animais domésticos.
Por Kalyne Melo (da Redação)