Até a chegada do primeiro filho, o animal de estimação era o centro das atenções
De repente, o bebê passa a ser alvo de todos os mimos e carinho, e o bichinho de estimação passa a ser colocado em segundo plano ou até mesmo negligenciado. Portanto, pequenas mudanças devem ser introduzidas antes mesmo da chegada do bebê, para que o bichinho não se sinta preterido.
“É importante lembrar que o animal estava antes do bebê, assim ele ou eles se ressentirão por não terem mais toda a atenção, isso não significa que esses indivíduos sejam de índole difícil ou mesmo temperamentais. É uma desestruturação em toda a dinâmica emocional da família”, alerta a médica veterinária e diretora do CETAC – Centro de Ensino e Treinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária, Elaine Pessuto, que já está preparando seus quatro cães e cinco gatos para a chegada do primeiro filho, em maio de 2013.
E nem pensar em excluir o animal de estimação dos preparativos para a chegada do novo membro da família. Impedir completamente o acesso do animal ao futuro quarto do bebê, só vai gerar ainda mais curiosidade e ansiedade. Alguns animais podem fazer de tudo para tentar entrar no quarto da criança e quando conseguirem são capazes de fazer coisas somente para chamar a atenção, como urinar dentro do quartinho, destruir objetos ou móveis.
“Quando iniciamos os preparativos para receber o bebê, devemos fazer com que o animal participe do processo. Sei que a maioria das mães fica bastante preocupada com a questão da higiene e dos cuidados sanitários, mas é importante manter o animal vacinado, vermifugado e sempre de banho tomado, feito isso ele pode ter acesso aos espaços destinados ao bebê”, orienta.
O bichinho de estimação pode apresentar mudanças de comportamento desde o momento que percebe a gestação. “ Muitos animais notam que suas ‘mães’ ou tutoras estão diferentes, afinal durante a gestação nosso odor se altera, nossa forma física fica diferente e também nosso padrão vibratório. Alguns ficam mais arredios, outros mais curiosos e outros ainda mais apegados. É importante, nessa fase, manter o animal junto, recebendo carinhos e já mostrando que mudanças vão acontecer. Para animais que costumam deitar na barriga, tentar fazer com que eles percebam os movimentos do bebê e já dizer que o nenê está ali”, adverte.
Ciúmes, curiosidade, medo ou ainda agressividade são alguns dos diferentes tipos de comportamentos que os animais de estimação podem apresentar. De acordo com a dra. Elaine, existem diferentes métodos de abordagem para evitar que o animal fique com ciúmes. “O importante é nunca fazer do fato um evento, ou seja, a abordagem deve ser o mais natural possível para evitar traumas e situações estressantes”, destaca.
Para evitar que animal se sinta preterido e fique ressentido com a chegada da criança é importante fazê-lo entender que a família vai ganhar um novo membro e não um concorrente, alguém que vai roubar o seu lugar. “Quando o bebê ainda estiver na maternidade, o pai deve levar para casa uma peça de roupa usada pelo bebê e entregar para o cão ou gato, para que o animalzinho sinta o cheiro, assim quando a criança chegar já terá seu cheiro reconhecido”, recomenda.
Após a introdução, o próximo passo é preparar o pet para receber seu novo irmãozinho ou irmãzinha. “Ao entrar com o bebê, apresente a criança, se abaixe na altura do cão e deixe que o animal o cheire, comece pelo pezinho e vá identificando a reação do animal, se ela for positiva permita que ele vá cheirando cada vez mais. Depois disso leve o bebê para o quarto e chame o cão, com palavras em tom carinhoso explique que este é um ‘irmãozinho (a)’ e que ali é o lugar dele”, aconselha.
Outra dica valiosa, durante o processo de adaptação, é associar a criança a situações agradáveis. “Quando notar que o cão ficou triste, pois espera uma atenção que não teve, o chame para participar. Ao amamentar, por exemplo, coloque o cão próximo e traga um brinquedo ou petisco para esse momento, assim enquanto a mãe amamenta o seu bebê, o cão estará feliz com a atenção e associará positivamente”, sugere.
Para animais muito ansiosos, ciumentos ou possessivos, é recomendado entrar em contato e conversar com o veterinário de confiança, pois existem diferentes tratamentos alternativos com associação de florais e fitoterápicos para preparar o animal para essas mudanças.
Se em algum momento algo inesperado ocorrer, como o animal latir, rosnar e até tentar avançar na criança, é importante manter a calma conforme alerta a dra. Elaine. “Obviamente retire a criança do alcance do animal em caso de tentativa de agressão, mas se foi um latido, repreenda sem gritar, diga que isso assusta o bebê e tente fazer associações positivas, com o uso de petiscos ou brinquedos que devem ser associados ao bebê e não ao adulto envolvido. Devemos evitar as reações exageradas, como por exemplo, gritos, sustos, medos exacerbados porque os animais percebem essas reações e vão agir com insegurança e no caso dos dominantes vão tentar se sobrepor, é importante manter sempre a tranquilidade e a naturalidade”, adverte.
Manter a rotina do animal também faz parte do processo de introdução do bebê, ou seja, evite mudar hábitos como a frequencia de passeios e brincadeiras. “A rotina do cão deve ser mantida, sei que tudo muda ou no mínimo se altera, mas é importante lembrar que toda e qualquer mudança gera ansiedade e estresse e o cão pode exacerbar essa vibração de forma negativa”, finaliza.
Dra. Elaine Pessuto – CRMV 20060
CETAC – Centro de Ensino e Treinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária
Rua Castro Alves, nº 284 – Aclimação
Tel.: (11) 2305-8666
www.cetacvet.com.br