Primeiros socorros para cães e gatos podem salvar a vida do seu mascote

Se o seu pet sofresse um acidente, você saberia o que fazer para salvá-lo, antes que ele pudesse ser atendido por um especialista? Em muitas situações de emergência, o bichinho não pode esperar pelo atendimento especializado, e é nessas horas que procedimentos simples e eficazes podem ser executados pelos próprios donos.

Prevenir acidentes comuns — como afogamento, intoxicação e quedas — ainda é o melhor a fazer, mas quando o pior acontece, é preciso ter calma para que o animal não sofra sequelas. Ter em mãos um manual do que fazer ainda em casa pode fazer toda a diferença.

Segundo a médica veterinária Tatiana Gomes, os casos mais atendidos na emergência, quando se trata de cães, são envenenamento, afogamento e atropelamento. Já com os gatos, as quedas são campeãs no atendimento de urgência. “Colocar uma escadinha na piscina, onde afogamentos são comuns, é uma boa maneira de evitar acidentes mais sérios. O problema não é o cachorro cair, é ele não conseguir sair da água”, orienta.

Deixar objetos cortantes e tóxicos soltos pela casa, por exemplo, pode causar danos graves à saúde dos bichinhos. Sintomas de intoxicação, como vômito com sangue, salivação em excesso, perda de apetite e zonzeira, são avisos de que aquele pote de analgésico largado em cima da mesa foi devorado pelo animal. Se o dono tiver a prova do descuido, é necessário levá-la ao veterinário para facilitar o diagnóstico.

Embora tomar os devidos cuidados em relação aos animais de estimação não exija muito esforço, vez ou outra, acidentes acontecem. De acordo com Tatiana, o melhor a fazer, principalmente quando não se sabe como agir, é levar o animal machucado imediatamente para o atendimento especializado.

– Em casos de atropelamento, o animal deve ser levado o mais imobilizado possível, para não piorar a situação dele – alerta. – Tentar colocar uma tala pode ser pior quando a pessoa não sabe como fazer. O cachorro, quando ferido, pode reagir mordendo o próprio dono – explica.

Apesar disso, o socorro imediato ainda em casa, em alguns casos, pode ajudar. Essa é a proposta da americana especializada em medicina de emergência Amy D. Shojai, que escreveu o livro Primeiros socorros para cães e gatos. A obra, que ganhou recentemente uma versão em português, é um manual de como detectar sintomas, prevenir e proceder em acidentes.

O livro foi feito com a colaboração de mais de 80 veterinários brasileiros e americanos, e ensina ao leitor técnicas básicas de primeiros socorros. Entre elas, como reanimar o bichinho no caso de parada cardiorrespiratória e como limpar ferimentos. Além disso, o dono aprende a identificar o problema do animal a partir de sintomas que ele apresenta. Um exemplo é a falta de apetite, que pode estar ligada a sérios problemas, como o torcicolo, a incontinência, a inalação de fumaça e até o edema na mandíbula.

Kit Básico
O livro Primeiros socorros para cães e gatos lista alguns itens para compor um kit de primeiros socorros. Tenha em casa: termômetro clínico, tosquiador elétrico (para cortar os pelos nos locais de machucados), soro fisiológico e tesoura sem ponta. Um dono de cão ou gato sem conhecimento da literatura veterinária nem se compara a um médico especialista no assunto, mas, em casos de emergência, um guia prático do que fazer em acidentes pode adiantar o trabalho dos veterinário e salvar a vida do animal de estimação.

Fique atento
Entre os mais de 150 acidentes para os quais o livro apresenta soluções, listamos passo a passo do que se deve fazer quando o bichinho sofre uma convulsão, mais comum em cachorros do que em gatos:

Convulsões
1º Leve o animal para um local seguro, para que, ao se debater, ele não se machuque.

2º Não tente segurar a língua do bichinho: as mordidas são fortes devido à situação dele. Além disso, ela não representa perigo, já que os animais não conseguem engoli-la.

3º Ligue o ar-condicionado ou o ventilador do ambiente. A convulsão superaquece o animal e ele precisa ser resfriado.

4º Mantenha o ambiente silencioso. O barulho pode prolongar a convulsão e agitar ainda mais o animal. Cubra o bichinho com um lençol para acalmá-lo e aguarde. A situação pode durar de 10 segundos a três minutos.

5º Ofereça mel ao bichinho. Casos de hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue) são mais comuns em filhotes, mas é possível que cães adultos diabéticos ou doentes por um longo período sejam afetados. Pingue o mel nas gengivas. Para animais abaixo de 22kg, dê uma colher. Acima desse peso, os de até 35kg podem tomar 2 colheres. Os animais mais pesados, com mais de 35 kg, tomam 2 colheres e meia, e os gigantes, com mais de 50kg, podem ingerir até 3 colheres de sopa. Se a convulsão for causada pela hipoglicemia, ela não vai parar enquanto o animal não ingerir o açúcar. Portanto, é importante que o mel seja dado durante a convulsão.

Sintomas
Como identificar por meio da mucosa do bichinho, o problema dele e a gravidade

Mucosa rosa
Normal, não há necessidade de levá-lo ao veterinário.

Mucosa azul
Asfixia ou inalação de fumaça. É necessário consultar o veterinário imediatamente.

Mucosa pálida a branca
Anemia ou choque. Chame o veterinário ou leve o bichinho o mais rápido possível.

Mucosa vermelho-cereja-brilhante
Insolação ou intoxicação por monóxido de carbono. Leve o animal ao especialista imediatamente.

Mucosa amarela
Problemas hepáticos. Embora não seja necessário levar o bichinho no mesmo momento ao veterinário, é preocupante. Portanto, tente levar ao menos no mesmo dia.