Zôos querem ser janelas para natureza

Zoológicos visam aproximar, cada vez mais, os animais de seus habitats naturais e têm como desafio a educação ambiental

Animais em grandes parques abertos, visitantes passeando lado a lado aos ‘bichinhos’, sem grades: pode ser essa a ‘nova cara’ dos zoológicos do futuro.

Reunidos em Bauru para o 33.º Congresso da Sociedade de Zoológicos do Brasil, pesquisadores e técnicos, acreditam que, embora essa seja uma realidade ainda distante, os zôos brasileiros já acompanham a tendência de oferecer aos seus animais e visitantes espaços cada vez mais próximos da natureza.

“Em outros hemisférios a tendência de recintos cada vez mais abertos e sem barreiras entre visitante e animal já é forte. O intuito é que, como uma diretora de um zoológico mexicano disse uma vez, os zôos sejam verdadeiras “janelas para a natureza”, proporcionando um contato maior com o meio tanto para o animal como para o visitante”, considera Adalto Nunes, diretor do Zoológico de Piracicaba e ex-presidente da Sociedade de Zoológicos do Brasil.

Para Gerson Norberto, diretor do Zoológico de Salvador (BA), os parques estão conscientes da necessidade de reformular seus espaços. “Essa necessidade existe, em primeiro lugar, por conta do bem-estar dos animais. As estruturas propostas que estão sendo atualizadas no Brasil todo, visa esse bem-estar para que possamos obter desses animais a maior quantidade de informação sobre a espécie e convertê-la para o trabalho de pesquisa e conservação, que é a nossa principal função. Mas esse é um processo lento e que demanda um investimento muito alto”, explica.

Embora a extinção das grades seja o último passo, segundo Norberto, outras modificações vêm acontecendo para que o animal sinta-se cada vez mais próximo do seu habitat natural. “São criações de estruturas bem ambientadas com plantas, cavernas, quedas d’água e ambientes em que o animal tenha várias áreas de “escape”, ou seja, ele aparece para o público se ele quiser”, enumera o diretor, que, atualmente, coordena a reformulação do zôo em Salvador.

Além do custo, Norberto coloca a ausência de grandes áreas de preservação e a variedade de formatos administrativos dos zoológicos como outros entraves para diminuir o número de animais em cativeiro. “O que nos falta hoje no País e em várias partes do mundo são grandes áreas de reserva onde os animais possam ficar tranqüilamente. Além da diversidade de administração dos parques. Existe uma herança de 40, 80 anos de instituições feitas baseadas no concreto, no ferro. Como mudar isso do dia para a noite?”, questiona.

O 33º Congresso da Sociedade de Zoológicos do Brasil segue até quarta-feira e reúne representantes de cerca 35 zôos brasileiros e 400 pessoas, entre diretores, biólogos, veterinários e tratadores entre outros profissionais da área.

Desafio
Para os pesquisadores, o grande desafio dos zoológicos hoje, mais do que reformular seus espaços, é atuar, de maneira eficaz, na educação ambiental. Oferecer lazer para cerca de 26 milhões de pessoas que visitam por ano os zoológicos brasileiros – de acordo com dados da Saciedade de Zoológicos do Brasil – está longe de ser a proposta dos parques.

“A questão do lazer nos zoológicos é inquestionável. Os parques são importantes áreas de entretenimento para a família dentro de qualquer núcleo urbano. Mas hoje, esse lazer, não pode estar dissociado da educação”, considera Fernando Magnanni, diretor do Zoológico de São Carlos.

“Os zoológicos devem ser encarados como verdadeiras ferramentas da conservação da espécie silvestre, da produção de ciência e educação ambiental e um lazer sempre direcionado à educação e informação”, completa Gerson Norberto.

Fonte: www.jcnet.com.br