Sem fiscais e espaço para animais, Ibama em colapso em Mato Grosso

A Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Mato Grosso enfrenta uma série de fragilidades para combater os crimes contra a flora e a fauna. Existem hoje apenas 28 fiscais que atuam em todo o Mato Grosso para cuidar e fiscalizar os três ecossistemas – Cerrado, Pantanal e Amazônia – compreendidos no Estado.

O aparato logístico é aluga do e para Mato Grosso o percentual de fiscais deveria ser, no mínimo, de 100 homens. Na prática, o Estado possui menos de 30% dos recursos humanos necessários para o desenvolvimento de ações nas dez unidades descentralizadas implantadas em regiões consideradas vitais, como Sinop, Barra do Garças, Juína, dentre outras. A situação denota o sucateamento da estrutura criada para defender a natureza.

Na prática, para a fiscalização são 906 mil km², ou seja, uma extensão territorial gigantesca onde a pecuária e a agricultura crescem vertiginosamente. Para se ter uma ideia, a área plantada de soja é a maior do país, com 6,2 milhões de hectares (cada 100 hectares equivale a 1 km²).

Também não há um Centro de Triagem de Animais Silvestres adequado para a abrigar e tratar daqueles que são apreendidos ou resgatados. Eles são levados para uma unidade provisória nos fundos da sede da unidade, em Cuiabá. Desde 2010 existe um projeto para a implantação, mas ele ainda não saiu do papel.

O número de servidores no Ibama em MT, em âmbito geral, compreende 140 pessoas, que estão lotadas entre as dez gerências e filiais que atendem a demanda do terceiro maior Estado do país.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Federais na Área do Meio Ambiente em Mato Grosso (Sintfama- MT), Basílio Barbosa de Oliveira Junior, declarou que para atender a demanda ambiental de Mato Grosso seriam necessários mais de cem fiscais. “Hoje cerca de 28 pessoas trabalham com a fiscalização ambiental em Mato Grosso. O trabalho é mais intenso, principalmente na região que compreende a Amazônia Legal. Para atender com mais eficácia todo o Estado precisaríamos de muito mais.

Curupira
O último problema que tivemos com perda profissional aconteceu no ano passado, quando 28 fiscais foram exonerados devido à participação nos esquemas que resultaram na Operação Curupira. Isso prejudicou ainda mais o nosso trabalho”, explicou Basílio, que também é analista ambiental do Ibama há cinco anos.

O sindicalista, que está na presidência do Sintifama-MT há dois anos, relatou ainda as dificuldades no que se refere a instalação do Centro de Triagem de Animais Silvestres. Sem este local, o trabalho de readaptação dos animais fica cada vez mais complicado, principalmente porque o Zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) não está recebendo animais, pois o local foi embargado.

“A construção do Centro de Triagem deveria ter acontecido no ano passado, porém no local nada existe, e ainda não foi comunicado quando este será construído”, disse. Outra declaração de Basílio foi referente às multas. O sindicalista declarou que para os criminosos ambientais, a aplicação da multa não serve de referência, já que esta demora muito para ser aplicada.

“Devido aos processos judiciais, as multas demoram muito para serem cobradas. Porém, as apreensões de materiais e embargos são as principais punições com as quais o Ibama trabalha”, finalizou.

Fonte: Olhar Direto